Movimento operário e popular intensifica a luta contra o golpe

O movimento operário e popular realizou ontem manifestações pelo país inteiro, nas capitais e nas principais cidades do Brasil, com a participação de milhares de pessoas contra o golpe da burguesia entreguista e do imperialismo norte-americano para derrubar a presidenta Dilma Rousseff e o PT.
As mobilizações foram convocadas pela Frente Brasil Popular, liderada pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Partido da Causa Operária (PCO), Central Única dos Trabalhadores (CUT, ligada ao PT), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras Brasileiros (CTB, ligada ao PCdoB), Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), UNE (União Nacional dos Estudantes), e UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) e diversos movimentos sociais e populares.
Essas enormes manifestações pelo país afora, ocorridas ontem, dão continuidade às manifestações do último dia 18 de março, o que demonstra que o movimento operário e popular intensifica a luta contra o golpe, mobilizando cada vez mais as diversas camadas populares.
A mobilização conseguiu atrair o importante Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), liderado por Guilherme Boulos, que vacilava, ora participando, ora boicotando a mobilização contra o golpe, influenciado pela posição da esquerda pequeno-burguesa, liderada pelo PSOL (Partido do Socialismo e Liberdade), integrado pela Esquerda Marxista (ex-PT, agrupamento que pertence à Corrente Marxista Internacional, de Alan Woods) e pelo Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados (PSTU, principal partido morenista da Liga Internacionalista dos Trabalhadores – LIT) e seus satélites (Movimento Revolucionário dos Trabalhadores, antiga Liga Estratégica Revolucionária – Quarta Internacional – MRT/LER-QI), os quais, na prática, estão alinhados com a burguesia pró-imperialista golpista, com a sua palavra de ordem de “Fora Todos”, que no fundo é o “Fora Dilma”. Essa esquerda pequeno-burguesa encontra-se hoje completamente isolada.
A Liga Bolchevique Internacionalista (LBI) também foi atraída, passando a admitir a existência do golpe em marcha, tendo participado das manifestações do dia 18/3 e as de ontem.
Também Luiz Almagro admitiu que há golpe em andamento contra a presidenta Dilma Rousseff. Luiz é Secretário da Organização dos Estados Americanos (OEA), típico organismo que é correia de transmissão dos interesses do imperialismo, sendo verdadeiro covil de bandidos, como Lênin disse da Sociedade das Nações, a antecessora da Organização das Nações Unidas (ONU).
Dilma Rousseff passou a combater o golpe abertamente, tendo inclusive realizado entrevista coletiva, com jornalistas estrangeiros.
Já Lula, na manifestação do dia 18/3, fez um discurso muito conciliador, sempre priorizando a colaboração de classes, demonstrando ter esperança em fazer um acordo com os golpistas, ou negociar uma capitulação, o que está em contradição com a disposição de luta dos militantes de base do PT, da CUT e dos movimentos populares e sociais. Lula parece assustado com a perseguição que vem sofrendo, que culminou na sua “condução coercitiva” para depor perante a Polícia Federal (verdadeiro sequestro, porque Lula nunca se recusou a depor, inclusive já havia feito quatro depoimentos antes).
Um fato muito importante ocorrido esta semana foi o desembarque do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), do governo Dilma.
O PMDB é o maior partido do país e era o principal partido burguês do governo frente populista de Dilma Rousseff, aprofundando a sua crise.
Todavia, embora o PMDB tenha deliberado, por aclamação, em Reunião de sua Executiva Nacional, o rompido com o governo Dilma Rousseff, abriu-se uma crise no mesmo, porque seus ministros estão se recusando a entregar os cargos, dizendo que querem permanecer no governo.
Já o vice-presidente Michel Temer, do PMDB, que apresentou um plano econômico de governo, chamado “Uma ponte para o futuro”, uma verdadeira aberração neoliberal de total ataque aos direitos dos trabalhadores, aparentemente não consegue estabelecer um consenso em torno de seu nome, o que, por seu lado, também complica a situação dos golpistas, porque na linha sucessória do “impeachment” (golpe parlamentar a lá Paraguai), o outro nome é o do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, o qual, apesar de liderar o golpe, sofre acusação, de desviar mais de 5 milhões de dólares da Petrobrás e de ter escondido que possui mais de 9 contas bancárias no exterior, na chamada “Operação Lava Jato”, liderada pelo juiz fascista Sérgio Moro, provavelmente agente da CIA, que faz o jogo do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), pró-imperialista e principal partido golpista, ligado aos Estados Unidos e à Chevron, petroleira norte-americana, os quais atacam as empreiteiras brasileiras, vinculadas à Petrobrás, petroleira brasileira que recentemente descobriu o Pré-sal, cobiçado pelos interesses norte-americanos.
Os golpistas e suas instituições e organizações, ou seja, os partidos, como PSDB, DEM e PMDB, o judiciário, o ministério público, a imprensa (Rede Globo, Rede Bandeirantes, Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Jornal do Brasil, etc.), Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN), nas últimas semanas, perderam muito tempo na imprensa burguesa explicando que “impeachment” não é golpe, uma vez que a palavra de ordem “Não vai ter golpe” ganhou popularidade, embora essa bandeira neste momento não seja precisa, está defasada, porque o golpe já está em andamento, já está em marcha.
Não obstante, os golpistas correm contra o relógio. Estão decididos a afastar Dilma Rousseff do governo no dia 17 de abril, com a votação da denúncia de crime de responsabilidade pela Câmara dos Deputados, sem nenhum embasamento, porque a alegação de “pedaladas fiscais” (uma espécie de empréstimo junto aos bancos públicos para pagar as contas do governo) todos os governos no Brasil fazem ou fizeram historicamente, seja o federal e os estaduais. Nesse caso, o processo de “impeachment” será encaminhado ao Senado Federal, para que este julgue Dilma, a qual deverá deixar o cargo e aguardar o julgamento. Na prática, um eventual afastamento de Dilma, será a consumação do golpe.
Ontem, o comandante da Força Nacional Segurança, Coronel Adilson Moreira, um organismo de repressão criado pelo próprio PT, abandonou seu cargo, atacando a presidenta Dilma Roussseff.
Todos esses fatos, a intensificação da mobilização do operário e popular, de um lado, e a movimentação golpista burguesa e pró-imperialista, por outro, demonstram o acirramento da luta de classes, indicando para breve um grande enfrentamento, com enorme resistência popular.
A TML intervêm nas lutas contra o golpe da burguesia pró-imperialista, combatendo a política de colaboração de classes da direção majoritária do PT, visando a organização independente do proletariado brasileiro, na perspectiva estratégica da luta por um governo operário e camponês.

Tendência Marxista-Leninista